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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cérebro de Broca O Romance da Ciência Carl Sagan

Carl Sagan

Cérebro de Broca: o Romance da Ciência

Francisco Alves

1982


Brochura em muito bom estado, 345 páginas - traduzido do original Brocas Brain (Cérebro de Broca) é uma exaltação ao saber humano. É um livro que fala do saber de forma apaixonada mas, não por isso, menos criteriosa ou menos científica. O livro está estruturado em cinco partes distintas, mas os assuntos se mesclam durante a leitura, já que Sagan assume as interdependências entre os diversos tópicos tratados. Sagan mostra as várias facetas do conhecimento científico, os seus bastidores, e mostra que a ciência, fruto da mente humana, é repleta de caracteres humanos. A ciência não é apenas um conjunto frio e sombrio de informações e conhecimentos, e sim um modo de pensar, em busca da verdade do universo como um todo. É interessante notar a relação que Sagan faz da personalidade do...



O ensaio que titula o livro leva seu nome em honra do físico, anatomista e antropólogo francês, Paul Broca (1824 – 1880). Geralmente recorda-se a Broca por sua descoberta de que diferentes partes físicas do cérebro correspondem a diferentes funções. Ele supôs que estudando o cérebro de cadáveres e relacionando com as condutas conhecidas do antigo dono do organo poderia se entender plenamente o comportamento humano. Com esse fim conservou centos de cérebros humanos em jarros de formaldehído, incluindo o seu próprio. Ao encontrar em uma visita ao Museé de l’Homme, Sagan reflexiona sobre questões existenciales que desafiam alguns preconceitos sobre o ser humano, como por exemplo “Quanto daquele homem conhecido como Paul Broca pode persistir ainda neste frasco?” - uma pergunta que evoca argumentos tanto científicos como religiosos.


Uma grande parte do livro está dedicada a desacreditar o trabalho dos “fabricantes de paradoxos”, como lume aos divulgadores da pseudociencia, já seja quem se encontram à beira das disciplinas científicas ou simplesmente são rotundos charlatanes. Um exemplo disto é a controvérsia ao redor das ideias de Immanuel Velikovsky, tal como as apresenta no livro Worlds in Collision. Outra grande parte do livro discute os convencionalismos na nomenclatura dos membros de nosso sistema solar, bem como suas características físicas. Sagan também expõe seus pontos de vista sobre a Ciência Ficção, mencionando especialmente a Robert A. Heinlein, quem foi um de seus escritores favoritos durante sua infância. As experiências próximas à morte, e suas controvérsias culturais também são discutidas no livro, bem como a crítica das teorias desenvolvidas no livro de Robert K.Tempere "The Sirius Mystery" publicado três anos dantes em 1975.em:Broca's Brain: Reflections on the Romance of Science


“Vivemos numa época extraordinária. São tempos de mudanças espantosas na organização social, no bem-estar económico, nos preceitos éticos e morais, nas perspectivas filosóficas e religiosas e autoconhecimento humano, bem como na compreensão do vasto universo em que estamos inseridos como um grão de areia num oceano cósmico. Desde que existem seres humanos que nos pomos questões mais profundas e fundamentais, ou seja, as que evocam surpresa estimulam pelo menos a nossa consciência trémula e pouco experiente. Essas questões são as que se prendem com a origem da consciência, a vida no nosso planeta, o princípio da Terra, a formação do Sol, a possibilidade da existência de seres pensantes algures para lá das profundezas do céu; e ainda – e esta é a maior pergunta de todas – a que diz respeito ao advento, à natureza ao destino último do universo.”



É um livro que fala do saber de forma apaixonada mas, não por isso, menos criteriosa ou menos científica.

O livro está estruturado em cinco partes distintas, mas os assuntos se mesclam durante a leitura, já que Sagan assume as interdependências entre os diversos tópicos tratados.

Sagan mostra as várias facetas do conhecimento científico, os seus bastidores, e mostra que a ciência, fruto da mente humana, é repleta de caracteres humanos. A ciência não é apenas um conjunto frio e sombrio de informações e conhecimentos, e sim um modo de pensar, em busca da verdade do universo como um todo.

É interessante notar a relação que Sagan faz da personalidade do cientista com a própria criação deste. Sagan detalha um bom exemplo deste fato: Einstein, que publicou, entre outros trabalhos, a Teoria da Relatividade. É interessante notar que o desprezo de Einstein por qualquer tipo de autoridade influenciou o seu trabalho (Teoria da Relatividade). Da mesma forma que Einstein disse que no universo não existe um referencial mais importante que outro, ele também considerava sem importância qualquer tipo de autoridade ou hierarquia. Desde os estudos básicos, na adolescência, Einstein achava absurda a autoridade imposta pelos professores aos alunos.

Este fato evidencia que a produção científica tem um caráter "subjetivo" (visto que o cientista possui suas paixões, opiniões, preconceitos), pois trata-se de uma produção humana.

Desta forma, urge que tenhamos sempre uma postura cética diante do conhecimento produzido pela humanidade. Fazer ciência implica duvidar das opiniões das pessoas, e até duvidar de si mesmo, visto que todos estamos sujeitos a preconceitos.

Um caso extremo da necessidade do ceticismo é mostrado neste livro de Sagan. Há uma parte do livro que fala sobre os "Paradoxistas", aquelas pessoas que montam teorias "absurdas" (leia-se místicas) para explicar os fenômenos do universo.

Tais paradoxistas extrapolam o bom senso nas suas explicações sobre fenômenos naturais, tais como fenômenos astronômicos. Eles usam de artifícios que vão da numerologia, pirâmides, ovnis, triângulo das Bermudas, até mesmo a Bíblia.

Muitos deste paradoxistas (para não dizer todos) aproveitam-se da facilidade da mente popular em aceitar estórias fantasiosas sobre os fenômenos, e com isso enriquecem ou se promovem como sábios dos mistérios do universo.

Essa facilidade do pensamento popular em aceitar estórias fantasiosas é fruto de uma má divulgação da ciência pela mídia, pelas escolas, e até mesmo pelos próprios cientistas.

A má divulgação da ciência gera um certo desprezo da população pelo pensamento científico, pensamento este que exige, acima de tudo, muito ceticismo.

Aqui no Brasil, e mesmo em outros países(inclusive os ditos de 1o. Mundo) este desprezo pelo pensamento e saber científico acarreta alguns problemas de ordem social. Observa-se, muitas vezes, que as pessoas acreditam mais em "curandeiros" do que na medicina científica. Às vezes, este fato acarreta problemas sérios de saúde nas pessoas, já que elas adotam "receitas" recomendadas por tais curandeiros.

Um outro problema social que observa-se quanto a falta de ceticismo é o enriquecimento ilícito dos ditos "magos", "curandeiros", e "mensageiros dos deuses". A população paga pelas soluções e dicas "milagrosas" destes "profundos conhecedores".

Além do que já foi dito, a falta de pensamento cético gera uma sociedade de "comandados", incapazes de fazer uma crítica mais profunda dos problemas sociais e políticos que lhes afetam!

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