Uma Análise Crítica da Bíblia
Dr. Carlos. Gomes. S. Shalders
editora: São Paulo
ano: 1954
bom estado de conservação, brochura - 230 Págs.
TEMOS
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ASSUNTO.
O
Dr. Carlos Gomes de Souza Shalders Nascido no dia 3 de outubro de 1863,
e desencarnado em S. Paulo, no dia 10 de dezembro de 1963, com 100 anos
de idade.
O
professor Shalders fez seus estudos preliminares na Inglaterra,
estudando mais tarde na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Formado,
veio para S. Paulo, ingressando na Companhia Mojiana de Estradas de
Ferro, da qual foi um dos pioneiros, dirigindo a construção do ramal de
Moji- Mirim a Sapucaia.
Contribuiu
para a fundação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, da
qual foi catedrático de Complementos de Matemática e Álgebra Superior,
lecionando nessa cadeira desde a fundação da Escola, a l5 de fevereiro
de 1894, até a sua aposentadoria, em 1934. Foi também diretor dessa
mesma Escola, nos anos de 1931- 32, num período bastante difícil. Pelos
seus eminentes serviços, o prof. Shalders foi distinguido com o título
de doutor "Honoris Causa" e de "Professor Emérito", no dia 13 de maio de
1949, pela Universidade de S. Paulo.
Durante
muitos anos foi vice- presidente e membro do Conselho Deliberativo da
Federação Espírita do Estado de S. Paulo, dirigindo concomitantemente o
seu departamento de pesquisas psíquicas. Foi o primeiro presidente da
Associação Cristã de Moços, de S. Paulo.
Grande
conhecedor dos assuntos bíblicos, porém desde a sua militância no
Protestantismo divergia de muitos deles. Procurando estudar esses
problemas à luz do Espiritismo, nele encontrou soluções para velhas
indagações.
Até
aos 95 anos de idade, era sistemática a presença do prof. Shalders, aos
domingos, na Federação Espírita do Estado de S. Paulo, onde ia ouvir as
palestras evangélicas, tendo ele próprio proferido diversas. Como era
de uma pontualidade impecável, preocupava- se muito com as pessoas que
entravam após o início da conferência.
Algumas
vezes, no instante de ser iniciada a palestra, subia à tribuna e fazia
observações severas ao público com referência à observância do horário.
Dedicava a máxima atenção às palestras e, quando o tema era
controvertido, não muito do seu agrado, por encontrar nelas divergências
doutrinárias, no dia seguinte estava ele na casa do conferencista com
uma série de argumentos, mostrando incoerências e protestando
evangelicamente contra aquilo que não aceitava.
Por
mais respeitável que fosse o expositor, por mais autoridade que
desfrutasse na matéria, não escapava ao interrogatório, às deduções e ao
crivo da razão, sempre clara, apresentadas de maneira evangélica e da
mais apurada ética de educação. Já ultrapassava a casa dos 90 anos de
idade, quando ainda trabalhava na São Paulo Light. Nessa época publicou
um livro intitulado "Uma Análise Crítica da Bíblia", no qual expôs com
uma lucidez extraordinária, as suas idéias e o seu raciocínio tratando
de um assunto tão árido.
Com
96 anos de idade, para não ficar sem fazer nada, realizando o seu
desejo de fazer o bem, empreendia, uma vez por semana, uma peregrinação
juntamente com um grupo de confrades, visitando doentes, ministrando-
lhes passes e proferindo palavras de conforto espiritual. Era profundo
respeitador de Jesus Cristo e não permitia que sua personalidade fosse
mal entendida ou que alguém achasse nele motivos de piedade.
Certa
vez a Federação Espírita do Estado de S. Paulo recebeu, de presente, um
enorme e artístico quadro do Mestre, com as chagas abertas nas mãos e
nos pés. O quadro foi colocado no salão de conferências daquela
instituição. Porém, dentro de poucos dias foi dali retirado devido aos
insistentes protestos do Prof. Shalders, nessa época vice- presidente da
Casa. O fato causou estranheza a muitos freqüentadores, os quais não
concordaram com a retirada do quadro. Mas prevaleceu o bom- senso. O
transcurso do seu centenário de existência (estando ele ainda entre
nós), foi comemorado pela Escola Politécnica de S. Paulo, pela
Associação dos Antigos Alunos da Escola Politécnica e pelo Instituto de
Engenharia de S. Paulo, tendo havido uma sessão solene da congregação,
com a instalação do retrato do prof. Shalders, procedendo também a uma
cerimônia de inauguração do medalhão de bronze, com placa alusiva à
data, no Departamento de Matemática da Escola Politécnica, na cidade
Universitária, em S. Paulo, placa essa ofertada pelos ex- alunos da
primeira escola superior criada pelo governo do Estado de S. Paulo, logo
após a proclamação da Republica. A passagem do prof. Shalders, pela
Terra, foi um centenário de exemplos vivos num preparo eficiente para o
reencontro com os amigos do Plano Maior.
A
demonstração da sua humildade e submissão aos desígnios de Deus, eram
fatores predominantes em sua inconfundível personalidade. No
Departamento de Metapsíquica da Federação Espírita do Estado de S.
Paulo, exerceu atividades incomparáveis, interessando- se profundamente
pelos fenômenos, sem contudo ficar a eles escravizado, porque sabia dar-
lhes o valor e o apreço que mereciam, compreendendo que o aspecto mais
importante da Doutrina Espírita é o de evangelizar o homem, conduzindo- o
no roteiro da reforma interior."
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