Ruy Apocalypse
Papoula Dos Sete Reinos.
1954
livro em bom estado geral de conservação,coda13-x3, brochura original, escasso, não perca, saiba mais...
Ruy Apocalypse, autor, entre outros, dos livros “Crônicas da Noite” (Massao Ohno Editora, 1960), “Papoula dos Sete Reinos” e “Realejo de Minas”.
As metáforas de que se utiliza são originalíssimas e muito bem colocadas. Seus poemas destacam-se, sobretudo, pelo ritmo, pela musicalidade latente, pela espontaneidade. É difícil destacar qualquer um deles, dos seus três livros mais conhecidos, pois todos têm qualidade superior. Exemplo:
“Crônica V – Do Criador e Suas Raízes”
“Nesta argila, plasmada no silêncio,
formei teu braço esquerdo, de mentiras.
Das árvores, roubei os galhos mansos
para cobrir teu corpo e tuas iras.
Mulher, além do sal, além do espelho,
és. E rios te cortam. E, nas águas,
há braços de mil náufragos brilhando,
como espadas tebanas! Como espadas!
O rio que te clama, fez-te fonte,
o espelho que te adora fez-te lua.
Para cobrir teu rosto (céu das iras)
eu me deixo ficar, no teu enigma,
como um pastor, dormindo sobre o monte,
sonhado pelo azul, em sons de lira”.
Outro:
“Crônica VIII – Da Transfiguração Necessária”.
“Que as horas chorem fora das vidraças,
construindo seus musgos sobre os mastros
de velhos casarios alumbrados
e derradeiras praças penitentes.
Que os bairros mais burgueses alinhavem
suas rendas de chá, em velhas xícaras.
Que o sono seja grande e seja amargo
aos que amaram o amor, perdendo a sorte...
para que tudo nasça das idéias
que os ventos espalharam nas migalhas
de luzes e de carnes assombradas.
Do amanhã, outras vozes serão vindas;
e do agora, outros céus serão nascidos,
além do olhar das lâmpadas caídas”.
E esse:
“Costas de meu ser”:
Em mim eu pouco estou porque não quero
surgir em meio a dor, nuzinho em pêlo.
Hoje, curvado venho ao que eu espero
achar dentro do corpo, para crê-lo.
Rasguei os envelopes. Fui sincero.
Perdi os compromissos, mais o selo
da carta do que sou, no que me gero,
cada noite sem ar, pelo degelo.
Pouco me leio. Pouco me carteio.
Com o que fui por culpa de meus muros.
Perdi-me sem resposta nos escuros.
Em mim eu pouco estou. Tenho receio
de chegar a meus quartos e de ler
linha por linha, as costas de meu ser.
Interessantes, também, são seus versos curtos, quase aforismos, repletos de lirismo e de beleza, como este poema “Taça da manhã”:
Estouram flores
Na garrafa das árvores
--- Há borbulhas de aves
na taça da manhã.
Ou como este “Rodas do sol”:
Velocípedes vermelhos
pedalam, pedalam,
com as rodas do sol.
Ou como este “Cordas de luz”:
E na sanfona do dia,
crianças sonoras
pulam cordas de luz!
Ruy Apocalypse, poeta e cronista mineiro (1934-1967), radicado em São Paulo, era um boêmio inveterado, morava só, na Rua Conselheiro Nébias, e o isolamento da grande cidade o induziu ao alcoolismo descontrolado e crônico que lhe acarretou diversos problemas profissionais. Em uma madrugada, atirou-se debaixo de um ônibus.
Temos um vasto acervo sobre essa bibliografia temática.
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era meu tio irmao de minha mae e tive o prazer mesmo menino de ouvir seus poemas em minha casa.meu nome e rubens apocalypse
ResponderExcluirum poeta nato com um futuro brilhante
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