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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cosmos, Caos e o Mundo Que Virá Norman Cohn






Cosmos, Caos e o Mundo Que Virá

Norman Cohn

editora: Companhia das Letras

ano: 1996

descrição: Livro em bom estado. Exemplar escasso, livro de referência.

A expectativa de uma conflagração universal que irá purificar o mundo e inaugurar o reino de Deus é uma força que, por mais de dois milênios, tem impulsionado a humanidade e produzido incontáveis fantasias, religiosas e seculares.

A origem e o enraizamento dessa esperança num paraíso terreno é o tema de 'Cosmos, caos e o mundo que virá'. 


Apresentando as concepções dos antigos egípcios, mesopotâmicos e indianos, passando por iranianos e judeus e chegando até os primeiros cristãos, o historiador inglês Norman Cohn examina aqui uma mudança tão crucial na história da consciência humana, que suas conseqüências continuam muito visíveis em nossa época e, de certo modo, ainda se fazem sentir de maneira preocupante.

"As origens das crenças no Apocalipse" e o subtitulo desta obra que examina, desde as origens na mais remota antiguidade ate os apocalipses judaicos e os primórdios do cristianismo, esse mito que, por certo, esta presente fortemente em nossos dias.

Este livro trata de uma grande mudança na história da consciência humana, buscando descrever como o destino do mundo e dos seres humanos veio a ser imaginado de uma nova maneira e de que modo se difundiram essas novas expectativas. Uma breve recapitulação do argumento principal talvez não seja ociosa.

Até por volta de 1500 a.C., povos como os egípcios, sumérios, babilônios, indo-iranianos e seus descendentes hindus e iranianos, cananeus, israelitas do período anterior ao exílio, todos concordavam que, no início, o mundo havia sido organizado, posto em ordem, por um ou por vários deuses, e que em seus aspectos essenciais esse mundo era imutável. Para cada um desses povos, a segurança - isto é, a fertilidade da terra, a vitória na guerra, a estabilidade das relações sociais sancionadas pelo costume e pela lei - era o signo exterior e visível de que havia de fato uma ordem estabelecida nos céus.

No entanto, essa ordem nunca foi tranqüila, estava sempre ameaçada por forças malignas e destrutivas - por vezes identificadas com enchentes e secas, pragas ou fome, inércia ou a própria morte, mas, outras vezes, com povos hostis ou conquistadores tirânicos. No mito do combate, em suas várias formulações, o conflito entre a ordem universal e as forças que a ameaçavam invadir e destruir - ou seja, o conflito entre o cosmos e o caos - ganhou expressão simbólica. Um jovem herói ou guerreiro divino recebia dos deuses a tarefa de manter sob controle as forças do caos; em troca, era recompensado com a soberania sobre o mundo.

Entre 1500 e 1200 a.C., Zoroastro rompeu essa visão de mundo estática, mas aflitiva. E o fez reinterpretando de maneira radical a versão iraniana do mito do combate. Na concepção de Zoroastro, o mundo não era estático nem seria sempre turbulento. Agora mesmo o mundo estava se aproximando, por meio de incessantes conflitos, de um estado sem nenhum conflito. Chegaria um momento em que, em uma prodigiosa batalha final, o deus supremo e seus aliados sobrenaturais derrotariam as forças do caos e seus aliados humanos, aniquilando-os de uma vez por todas. A partir de então, a ordem divinamente estabelecida estaria presente de maneira absoluta: as necessidades e as misérias físicas seriam desconhecidas, não haveria nenhum inimigo ameaçador e na comunidade dos redimidos reinaria a unanimidade absoluta; em uma palavra, a ordem no mundo jamais voltaria a ser perturbada ou ameaçada.

Desconhecida antes de Zoroastro, essa expectativa influenciou profundamente determinados grupos judaicos, como o comprovam alguns dos apocalipses e alguns dos manuscritos encontrados em Qumran. E, sobretudo, influenciou a seita de Jesus, com conseqüências incalculáveis.

Neste livro, a narrativa dessa mudança segue apenas até o final do século I d.C. - mas a história continuou ao longo dos séculos. E que história! Muita especulação teológica; incontáveis movimentos milenaristas, inclusive os que hoje prosperam com tanto vigor nos Estados Unidos; e até mesmo a atração exercida pela ideologia marxista-leninista - tudo isto pertence a essa história. A tradição cujas origens estudamos aqui continua viva e poderosa. Quem sabe dizer que fantasias, religiosas ou seculares, ela ainda pode engendrar no imprevisível futuro?



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Norman Cohn

Nasceu em Londres, em 1915, e estudou em Christ Church, Oxford. Ensinou na Escócia, Irlanda e Inglaterra e realizou pesquisas nos Estados Unidos, Canadá e Holanda. Em 1966 tornou-se professor na Universidade de Sussex e diretor do Columbus Center. De 1973 a 1980, ocupou a cátedra Astor Wolfson na Universidade de Sussex, da qual é professor emérito. Publicou os livros The pursuit of the millenium (1957), Warrant for genocide (1967) e Europe's inner demons (1975).


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