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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Auto do Frade João Cabral de Melo Neto 1ª edição.
Auto do Frade
João Cabral de Melo Neto
Jose Olympio
1984
livro em bom estado de conservação, 1ª edição de um dos nossos melhores escritores, escasso, saiba mais...
O Auto do Frade, de 1984, é uma poesia de fundo histórico falando sobre a vida e destino de Frei Caneca, condenado à morte em 1825 por estar envolvido na Confederação do Equador. Um poema para vozes, exemplo do teatro poético do autor, João Cabral de Melo Neto.
Nesta obra, o autor passa do social (Morte e vida severina) ao histórico, sem que haja uma negação do primeiro, mas sim a sua incorporação, não através de uma apreensão de incidentes apenas anedóticos (o que, sem dúvida, compõe também o quadro da narrativa histórica), mas pela exploração poética das tensões básicas, encarnadas por Frei Caneca, entre a razão pragmática do político rebelde e as elucubrações mais abstratas, lógicas, retóricas, filosóficas.
O poema retoma o último dia do líder carmelita. O povo o vê caminhando para a morte:
- Ei-lo que vem descendo a escada, degrau a degrau. Como vem calmo.
- Crê no mundo,e quis consertá-lo.
- E ainda crê, já condenado?
- Sabe que não o consertará.
- Mas que virão para imitá-lo.
Em Auto do Frade, a estrutura textual é diversa: os monólogos são construídos em redondilhas maiores, enquanto os demais versos são octossílabos. A linguagem é criada não para documentar, mas para representar, concisa e contundentemente, uma situação limite. As rimas são, em sua maioria, toantes.
Os versos exprimem a força política e revolucionária das palavras de Frei Caneca.
A morte, assunto constante da obra poética de João Cabral de Melo Neto, é também tema central em Auto do frade.
Personagens
Frei Caneca (Joaquim do Amor Divino Rabelo) - dedicou-se à Igreja desde cedo sendo adorado e aclamado pela população, que o tinha como um homem dedicado, sereno e prestativo aos olhos de Deus. É considerado uma figura da história real do Brasil, pois participou de um movimento revolucionário que queria a formação da República. Tal movimento ocorreu em 1817, denominado Confederação do Equador, foi um dos líderes. Enfrentou com bravura o imperador e lutou pelo Brasil, e mesmo condenado se mostrou digno e confiante.
Pessoas de Recife - espectadores e formadores do cortejo que acompanhou todo o trajeto de Frei Caneca da cadeia à praça. Não impediram sua execução, apenas faziam comentários e contavam histórias entre si. Apesar de ouvirem o sermão do frei e de vivenciar seu sofrimento não ousaram retirá-lo daquela situação de morte.
Oficiais da Justiça - eram os responsáveis pela condenação do Frei pertenciam a Comissão Militar do Imperador, se apresentaram duros e insensíveis na condução do mesmo.
Nota: A metáfora "fuzilado na forca" aproxima, na linguagem, dois suplícios: aquele ao qual frei Caneca foi condenado (forca) e aquele ao qual efetivamente foi submetido no final do poema dramático (fuzilamento).
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