

Auto do Frade
João Cabral de Melo Neto
Jose Olympio
1984
livro em bom estado de conservação, 1ª edição de um dos nossos melhores escritores, escasso, saiba mais...
O Auto do Frade, de 1984, é uma poesia de fundo histórico falando sobre a vida e destino de Frei Caneca, condenado à morte em 1825 por estar envolvido na Confederação do Equador. Um poema para vozes, exemplo do teatro poético do autor, João Cabral de Melo Neto.
Nesta obra, o autor passa do social (Morte e vida severina) ao histórico, sem que haja uma negação do primeiro, mas sim a sua incorporação, não através de uma apreensão de incidentes apenas anedóticos (o que, sem dúvida, compõe também o quadro da narrativa histórica), mas pela exploração poética das tensões básicas, encarnadas por Frei Caneca, entre a razão pragmática do político rebelde e as elucubrações mais abstratas, lógicas, retóricas, filosóficas.
O poema retoma o último dia do líder carmelita. O povo o vê caminhando para a morte:
- Ei-lo que vem descendo a escada, degrau a degrau. Como vem calmo.
- Crê no mundo,e quis consertá-lo.
- E ainda crê, já condenado?
- Sabe que não o consertará.
- Mas que virão para imitá-lo.
Em Auto do Frade, a estrutura textual é diversa: os monólogos são construídos em redondilhas maiores, enquanto os demais versos são octossílabos. A linguagem é criada não para documentar, mas para representar, concisa e contundentemente, uma situação limite. As rimas são, em sua maioria, toantes.
Os versos exprimem a força política e revolucionária das palavras de Frei Caneca.
A morte, assunto constante da obra poética de João Cabral de Melo Neto, é também tema central em Auto do frade.
Personagens
Frei Caneca (Joaquim do Amor Divino Rabelo) - dedicou-se à Igreja desde cedo sendo adorado e aclamado pela população, que o tinha como um homem dedicado, sereno e prestativo aos olhos de Deus. É considerado uma figura da história real do Brasil, pois participou de um movimento revolucionário que queria a formação da República. Tal movimento ocorreu em 1817, denominado Confederação do Equador, foi um dos líderes. Enfrentou com bravura o imperador e lutou pelo Brasil, e mesmo condenado se mostrou digno e confiante.
Pessoas de Recife - espectadores e formadores do cortejo que acompanhou todo o trajeto de Frei Caneca da cadeia à praça. Não impediram sua execução, apenas faziam comentários e contavam histórias entre si. Apesar de ouvirem o sermão do frei e de vivenciar seu sofrimento não ousaram retirá-lo daquela situação de morte.
Oficiais da Justiça - eram os responsáveis pela condenação do Frei pertenciam a Comissão Militar do Imperador, se apresentaram duros e insensíveis na condução do mesmo.
Nota: A metáfora "fuzilado na forca" aproxima, na linguagem, dois suplícios: aquele ao qual frei Caneca foi condenado (forca) e aquele ao qual efetivamente foi submetido no final do poema dramático (fuzilamento).
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