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quinta-feira, 4 de março de 2010

Alexandre Koyré Estudos de história do pensamento científico - GAlileu Descartes Maquiavel Newton Bacon etc


Koyré, A.

Estudos de história do pensamento científico.

Rio de Janeiro: Ed. Forense universitária,

1982.


Alexandre Koyré (1892-1964) foi um importante filósofo francês de origem russa. Dedicou o essencial de seu trabalho como historiador do pensamento científico, isto é, da gênese dos grandes princípios da ciência moderna.


Para Koyré, o nascimento da física moderna marca uma revolução científica. Trata-se, portanto, de uma concepção descontinuísta da história das ciências que supõe uma radical transformação das bases metafísicas sobre as quais a física repousava. Koyré teoriza a existência de um corte entre o mundo da Idade Média e o mundo moderno. Ele mostra como o advento da ciência moderna interrogou e expulsou do campo do conhecimento humano o sentido religioso e todo o saber oriundo da tradição. A religião e a tradição sustentavam este campo na Idade Média.

O pensamento da Renascença foi o elemento que permitiu a passagem do mundo medieval ao moderno. Ele evidencia a progressiva substituição do teocentrismo medieval pelo ponto de vista humano e a substituição dos problemas metafísico e religioso pelo problema moral. Segundo o autor, o pensamento renascentista ainda não retrata o nascimento do pensamento moderno, mas é a expressão do fato de que “o espírito da idade média” encontrava-se à beira do esgotamento. Os pensadores da Renascença e da pré-renascença que melhor representam esta passagem são Petrarca, Maquiavel, Nicolau de Cusa e Cesalpino. Eles mostram os diferentes aspectos dessa revolução que marca o fim da Idade Média. Maquiavel é quem a expressa melhor. Com ele, a Idade Média está morta. Nenhum de seus problemas - Deus, salvação, relações entre o mundo dos vivos e o além, justiça, fundamento divino do poder - existe para Maquiavel. Só há uma realidade: a do Estado; um fato: o poder; e um problema: como afirmar e conservar o poder no Estado. Segundo Koyré, a obra de Maquiavel é sustentada pela razão. Ela funda o pensamento moderno. Nele, a razão é a condição do sujeito e do mundo.


Nesta coletânea póstuma de artigos, Koyré demonstra como a retomada da herança grega - via Platão e Aristóteles - à luz da teologia cristã constituiu o solo do pensamento medieval no qual emergiu a ciência moderna.


Essa retomada se dá sob a existência de um único Deus. Para Koyré, as concepções cosmológicas nos levam à Grécia, palco do surgimento da oposição do homem ao cosmo, que redundou na desumanização deste. O advento da ciência moderna retirou Terra do centro do cosmo. A dissolução do cosmo foi a revolução mais profunda realizada ou sofrida pelo espírito humano desde a invenção deste pelos gregos. Ela significa a destruição da idéia de um mundo de estrutura finita, hierarquicamente ordenado, qualitativamente diferenciado do ponto de vista ontológico. Essa idéia é substituída pela idéia de um universo aberto, indefinido e infinito, unificado e governado pelas mesmas leis universais, um universo no qual todas as coisas pertencem ao mesmo nível do Ser, contrariamente à concepção tradicional que distinguia e opunha os dois mundos do Céu e da Terra.

Na perspectiva de Koyré, a geometrização do espaço e a expansão infinita do universo são as premissas fundamentais da revolução científica do século XVII, isto é, da fundação da ciência moderna, que se dá com Descartes. Este passo começou com Galileu, que deu corpo ao novo modo de operação da ciência. Sua obsessão era a “redução do real ao geométrico”, ou seja, a ultrapassagem da realidade sensível pela construção de leis matemáticas que ofereçam uma inteligibilidade nova aos fenômenos. O mundo real da experiência cotidiana é substituído por um mundo geométrico. Segundo Koyré, trata-se de “explicar o real pelo impossível”. A mentalidade moderna nasce em oposição à mentalidade “natural” renascentista, definida pela fórmula “tudo é possível”. Definir o real como impossível implica questionar o campo da verdade e de sua garantia sustentada por Deus enquanto único referente. É o que Descartes torna explícito com a introdução do cogito.


Sobre o Autor

Alexandre Koyré, nascido em Taganrog, na Rússia, em 1892, estudou em Göttinger, na Alemanha, tendo sido aluno de Husserl e Hilbert. Durante a guerra, naturalizou-se francês. Doutorou-se em seguida com um monumental estudo sobre a filosofia de Jacob Boehme. A partir de 1930, por seus estudos sobre a história das revoluções científicas e filosóficas dos séculos XVI e XVII, tornou-se mundialmente famoso, exercendo as funções de Secretário Perpétuo da Academia Internacional de História das Ciências, Secretário-geral do Instituto Internacional de Filosofia, Diretor do Centro de Pesquisas de História das Ciências e das Técnicas da École Pratique des Hautes Études, Presidente do Grupo Francês de Historiadores das Ciências e membro do Institute for Advanced Study de Princeton. O caráter singular da obra história e teórica de Koyré pode ser definido por uma ruptura decisiva com toda uma tradição empirista e evolucionista reinante no campo da história das idéias, das ciências e dos saberes. Postula ilustrada por análises, que cobrem a irrupção do heliocentrismo na Astronomia e a fundação da Física clássica. Por isso, seus trabalhos – dos Estudos Galileanos aos Estudos Newtonianos, das investigações sobre a Revolução Astronômica aos Estudos de História do Pensamento Científico e aos Estudos de História do Pensamento Filosófico – ocupam um lugar estratégico no quadro atual da Filosofia e da História das Ciências. Do conjunto de investigações sobre os começos da ciência moderna, Koyré enunciou algumas teses fundamentais, que são ao mesmo tempo norma ueirística da investigação e resultado de seu trabalho: 1) a ciência é fundamentalmente teoria, isto é, uma linguagem conceitual que situa um espaço abstrato de posição de problemas (o caráter experimental da física moderna está estreitamente ligado à sua estrutura teórica); 2) o sistema experimental da Física-Matemática não se confunde com a experiência bruta da observação do senso comum (o papel deste foi de obstáculo e não de apoio na formação da Física-Matemática); 3) o conhecimento científico não é mera convenção, nem tampouco combinação formal de hipóteses prováveis (as teorias científicas nos revelam em sua história as batalhas com seus sucessos e vitórias, travadas no caminho da intelecção do real: ciência-verdade). A História das Ciências é, pois, marcada pela descontinuidade, por erros superados, revoluções e refundições epistemológicas.




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