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quinta-feira, 9 de julho de 2009
Raymond WILLIAMS Marxismo e Literatura.
Raymond WILLIAMS
Marxismo e Literatura.
Rio de Janeiro. Zahar
1979
livro em brochura original, bom estado, escasso, saiba mais. Coda4d. Em Marxismo e Literatura, de 1971, Williams traçou os principais pontos teóricos da sua “teoria das especificidades da produção cultural e literária material, no interior do
materialismo histórico” ou seja, daquilo que ele mesmo chamaria de “materialismo
cultural”, munido, porém, à semelhança de E P Thompson, de uma rejeição tácita à teoria dos
“reflexos” e “ecos” tão comum à tradição do “marxismo vulgar”.
De fato, a tardia publicação de importantes obras marxianas conjugada ao
estabelecimento de um “marxismo oficial”, a partir da União Soviética, limitou o
desenvolvimento da análise histórico-marxista sobre a cultura, ou mesmo sobre aspectos da
vida social desvinculados do território designado como estrutural.
“Marxismo e Literatura” pode ser lido como um texto teórico que se esforça em
superar as amarras às quais o pesquisador das ciências humanas parecia estar confinado.
Ao tratar cuidadosamente de conceitos como cultura, língua, literatura, ideologia, hegemonia
e teoria cultural, Williams procurou entendê-los como conceitos que se desenvolvem e
alteram-se no interior do processo histórico que os envolve, os específica e lhes confere
sentido.
Valiosas foram as leituras realizadas por Williams de importantes obras de Bakhtin,
Gramsci, Lukács, Marcuse, Vygotsky etc. Obras que subsidiaram seu posicionamento
contrário às abordagens sócio-históricas mecanicistas. A leitura destes autores o desviou
também da influência do estruturalismo lingüístico, encaminhando-o para o desenvolvimento
da idéia fundamental de uma cultura articulada, imbricada, com o movimento histórico da
sociedade.
Raymond Williams, apesar de sua origem familiar operária, se formou em Inglês pela Universidade de Cambridge. Foi crítico literário e professor de várias disciplinas de Língua e Literatura nas universidades de Oxford e Cambridge, além de ter trabalhado no projeto de educação de operários.
Ele afirma que seu propósito é levantar uma crítica e uma argumentação, referentes às relações entre Marxismo e Literatura. Essa crítica se fez a partir de seu envolvimento com a Nova Esquerda e do seu contato com o pensamento de Bertold Brecht e George Lukács.
Preocupado principalmente com a questão do estabelecimento de uma teoria literária marxista, Williams partiu dos conceitos da teoria cultural marxista, como era entendida em sua época. No entanto, fez uma revisão desse conceito e se afirmou não como marxista, mas sim como um teórico do materialismo cultural que, segundo ele, era “uma teoria das especificidades da produção cultural e literária material, dentro do materialismo histórico”
“não tanto diretamente na teoria da linguagem, que no todo foi negligenciada, mas habitualmente em suas exposições sobre a consciência e em sua análise das atividades lingüísticas práticas que foram agrupadas sob as categorias de ‘ideologia’ e ‘superestrutura”
“não tanto diretamente na teoria da linguagem, que no todo foi negligenciada, mas habitualmente em suas exposições sobre a consciência e em sua análise das atividades lingüísticas práticas que foram agrupadas sob as categorias de ‘ideologia’ e ‘superestrutura”
“a inserção das determinações econômicas nos estudos culturais é sem dúvida a contribuição especial do marxismo, e há ocasiões em que sua simples inserção é um progresso evidente. Mas, no fim, não pode ser uma simples inserção, pois o que se faz realmente necessário, além das fórmulas limitadoras, é o restabelecimento de todo o processo social material e, especificamente da produção cultural como social e material”
“Em sua forma moderna, o conceito de “literatura” não surgiu antes do século XVIII e não se desenvolveu plenamente até o século XIX. Mas as condições para o seu aparecimento se vinham desenvolvendo desde o Renascimento, A própria palavra começou a ser usada em inglês no século XIV, seguindo precedentes francês e latino: sua raiz foi littera, do latim, uma letra do alfabeto. A literatura era então uma situação de leitura: ser capaz de ler e de ter lido. Estava, com freqüência, próxima do sentido moderno da palavra inglesa literacy [alfabetização, estado de alfabetizado], que só surgiu na linguagem do século XIX, tendo sua introdução se feito necessária em parte por ter a palavra literature adquirido um significado diferente. O adjetivo normalmente associado a literature era literate [em inglês moderno, alfabetizado]. Literary apareceu no sentido de capacidade e experiência de leitura, no século XVII, e não adquiriu sem significado especializado senão no século XVIII.
Literature, como uma nova categoria, foi portanto uma especialização da área antes categorizada como retórica e gramática: uma especialização de leitura e, no contexto material do desenvolvimento da imprensa, da palavra impressa e em especial do livro”
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